Imagine que você vive em um tempo de muitas descobertas, revoluções técnicas e industriais, o dito progresso. Imagine que você é um inventor. Ou cientista. Ou artista. Ou melhor: você é uma mistura de tudo isso num tempo que convencionamos chamar Revolução Industrial, e está na Europa, centro dessa bagunça.
Você tem uma sociedade com outro cientista-artista-inventor-maluco-enfim, mas seu sócio acaba falecendo e você segue as ciências-artes-experimentos-maluquices pra tentar escrever com a luz.
E consegue.
Você melhora bastante alguns resultados do seu sócio e produz um aparelho que você batiza de modo bastante egocêntrico com seu nome, Daguerre + ótipo, e então você… MUDOU O MUNDO!
Imaginou como seria?
Vislumbrou a importância disso?
Consegue perceber como muitas pessoas devem ter ficado interessadas?
Pois então…
A gente comemora o Dia Mundial da Fotografia em 19 de agosto porque foi o dia do registro oficial, na França, do equipamento chamado Daguerreótipo. Era uma mistura de máquina ótica com câmara escura com arte com ciência com (até mesmo) magia. Era uma inovação enorme para a época, tão rica de descobertas e invenções, e nem todo mundo recebeu tão bem assim a novidade do Sr. Daguerre, sócio do Niépce, embora ele estivesse muito animado:
Dizem as más línguas que o Sr. Daguerre era um grande marqueteiro, que tinha experiência em artes plásticas (teria sido pintor de dioramas, um equipamento visual pré-câmera fotográfica), e que se organizou para o melhor momento da apresentação e registro oficiais do daguerreótipo com a produção de várias máquinas para venda e até mesmo publicação e tradução de diversos manuais. O cara tinha visão de negócio!
O professor Ronaldo Entler afirma que:
Após alguns meses de articulação política, a proposta de Arago [apoiador de Daguerre] é aceita e, no dia 19 de agosto de 1839 (que se oficializou como dia da fotografia), ocorreu numa sessão especial conjunta da Academia de Ciências e da Academia de Belas Artes a solenidade em que Arago descreve detalhadamente o processo do daguerreótipo, e em que o governo francês formaliza a pensão de 6 mil francos anuais para Daguerre, e de 4 mil francos anuais para o filho de Niépce.”
Assim, a fotografia já começa com essa treta em 1839 pela criação da máquina entre Daguerre e Niépce (autor da primeira foto de 1826, que por sua treta dizem que pode ter sido um “acidente de percurso”).
É treta em cima de treta, pessoal!
Isso sem falar nos outros vários cientistas-inventores-e-malucos-afins que também tentaram registrar a fotografia. O fotógrafo e pesquisador Boris Kossoy traz outras 24 pessoas, incluindo o francês que morava por aqui, no nosso Brasil, e fez experiências bem sucedidas já em 1833, te mete!
Valeu, Florence!
Aqui no Brasil, além do “descobrimento isolado” da fotografia lá em Campinas no interior de São Paulo, a gente tem outra data muito especial para a fotografia, mais uma vez em janeiro.
Janeiro é o nosso momento, gente querida!
E nem estamos falando dos escritos do GRANDE Ansel Adams que citamos outro dia (o cara do Sistema de Zonas, da trilogia clássica e de tantas fotos marcantes), quando ele nos convida a usar a câmera a favor do nosso espírito e das nossas ideias já em janeiro de 1980:
A data “brasileira” do Dia da Fotografia refere-se à chegada da fotografia ao Brasil, em 08 de janeiro de 1840, ohhhhhhhhhh!
E vamos contextualizar: considerando o registro oficial e comercialização do daguerreótipo em 1839 a chegada dele aqui no Brasil já no ano seguinte foi muito, muito rápida.
Vai ver que é por isso que temos tanta gente excelente em fotografia por aqui, e tantos amantes de foto também…
Andrea Wanderley, editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica (aliás, ótimos e lindos materiais por lá, confira!), afirma:
Quer dizer então que a chegada da fotografia do Brasil foi quase uma estratégia de marketing?
De certa forma sim, pois a fotografia – com esse navio – vieram aqui para contatos diplomáticos e toda uma situação de exibições, estudos e apresentações oficiais a autoridades brasileiras.
Na época, uma das grandes figuras públicas era Dom Pedro II, que logo se tornou um entusiasta da novidade a partir destas primeiras apresentações. Taqui o hôme, em registro posterior:
Neste contexto lá de 1840, então, a data exata da apresentação oficial da fotografia, aqui no Brasil, acaba sendo incerta, pois não há registros exatos da primeira apresentação em terras brasileiras que varia entre 06 e 08, ou 16, 17 ou ainda 20 de janeiro.
Escolha a sua!